quarta-feira, 10 de agosto de 2022

HOMEM DE BIGODE

Quem teve a oportunidade de ter um bisavô ou um avô e o prazer de ouvir deles o valor moral do bigode, certamennte deve lemrar da história do Homem de Bigode. Deve ter aprendido com os velhinhos a razão pela qual os homens de palavra usavam bigodes para justificar a honradez. Usar bigode não era uma simples e natural aparência de masculinidade. O bigode simbolizava caráter físico e moral. No entanto, é evidente que nos referimos a gerações passadas, quando o bigode era uma "hipoteca da palavra" como se dizia na época. Bastava o jovem bisavô ou avô prometer e selar o compromisso com um fio do seu bigode que a promessa e o crédito eram estabelecidos, firmados. Ninguém colocava em dúvida um negócio selado com o fio do bigode. Foram tempos em que os homens chamados de bem se respeitavam com dignidade e com a simples palavra hipotecada... A transformação do bigode impulsionada pela evolução civilizatória levou homens a assinarem compromissos por escrito. Mesmo assim, quantos são os documentos assinados sem que o seu conteúdo seja respeitado por razões diversas. A palavra, determinando compromisso mútuo e firmado no papel através da escrita, tem menos crédito do que aquela garantida pelo selo do bigode. Existem tantos acordos assinados em nome do compromisso que tornam o papel um instrumento de prova concreta sobre as negociações realizadas ou uma promessa a ser cumprida. O bigode no entanto, não é mais aquele da história do vovô ou do bisavô e nem considerado por quem assina acordos e desacordos. Tivemos muitos bigodes elaborando constituições que não são respeitadas em seus aspectos legais pelos proprios bigodudos responsáveis pela sua elaboração. Temos inúmeros bigodes assinando acordos com a sociedade sem, entretanto, por a palavra escrita em ação. Também, seria querer demais considerar nos dias atuais a palavra, pura e simplesmente, como o único aval de qualquer indivíduo. A levar em conta o cresccimento populacional na multiplicação das cidades e a crescente mudança dos valores definida pelos avanços tecnológicos, o hábito da desconfiança permite até a rejeição de firmas reconhecidas, porque não se sabe se são falsas ou verdadeiras. Recorrer a justiça contra o carátero criminoso coloca o cidadão de bem em situação de vítima duplamente, pelas dificuldades criadas no sistema de defesa da cidadania... Só resta então dar razão ao Vovô e Bisavô, que lamenta a falta de Homem de Bigode.