Criar uma lei não é coisa do outro mundo. É fácil, num pais cuja impunidade beneficia aos atos ilegais. É fácil elaborar uma lei que joga pimenta nos olhos dos outros e assisti de camarote o estrago causado. Bom mesmo é quando o tiro sai pela culatra, atingindo o olho do criador.
Olhando a Lei Seca com sobriedade é possível enxergar o quanto a população torna-se vítima múltiplas vezes. Pagamos impostos sobre a propriedade de um motorizado acumuladamente, em cadeia. Ao comprarmos o veículo, ao emplacarmos, ao licenciarmos anualmente, além dos pedágios e nas blitz da Lei Seca.
A Lei Seca tem importância curativa ? Quem bebe, deixará de beber ? Quem matou no trânsito respondeu devidamente perante a lei por ter bebido ? Ou pagou e livre ficou ?! A Lei é para todos?
Toda mobilização de pessoal e material para realização de uma blitz não seria mais útil, se fosse para atender a um acidente com vítimas e o responsável enquadrado no rigor da lei ?!
Mais uma vez se aplica a lei pelo caminho mais fácil e lucrativo para os cofres do DENATRAN. Qual é o retorno de todo dinheiro arrecadado pelos DETRANs ? Receber ressarcimentos desse órgão público é impossível, nem mesmo através do Poder Judiciário, por mais que o coitado do advogado consiga provar e comprovar as multas indevidas.
Realizar blitz na saída de festas de casamentos, de aniversários, de confraternizações ou mesmo nas proximidades de uma casa noturna onde a bebida alcoólica é o único fator que conduz a diversão, é um meio muito fácil de encher a sacola do DETRAN.
Lamentavelmente fica difícil enxergar o aspecto educacional na blitz, porque seria o mesmo que considerar a população deseducada para o trânsito. Se assim for, a blitz irá curar o mal costume ?! Claro que não. Mas, as escolas poderão realizar esse trabalho educacional preventivamente.
Por outro lado, sabemos que é muito mais difícil exercer um controle sobre a indústria e o comércio de bebidas, afinal, vivemos numa democracia. Caso acontecesse, aí sim, a catástrofe na arrecadação do DENATRAN seria incalculável.
Enquanto isso, os proprietários de veículos que somarem ao longo dos 20, 30 ou 40 anos as multas recebidas, juntamente com os pedágios armados pelas rodovias, poderá ter contribuído com valores correspondentes a um carro novo. E, nesse período, as estradas somente sofreram deterioração, regredindo de mal a pior.
Para que serve tanto dinheiro???