Artemiro, menino nordestino cujo nome é uma combinação da mãe (artesã) e do pai (Almiro) teve uma infância não diferente da maioria de seus conterrâneos pobres, vitimados pela natureza do sertão seco. Carente de todas as necessidades, fugiu de casa aos dez anos para a capital, onde trabalhava como engraxate, depois de improvisar uma caixa de frutas que furtou do depósito de um armazém. Os serviços que fazia dava muito pouco para alimentação. As amizades negativas surgiram convidando para outras atividades mais lucrativas, relacionadas a assaltos. Puseram um revólver em sua mão e lembrando de seu pai que dizia, antes de morrer, que não deveria entrar nessa, tentou mas não conseguiu desviar.
Artemiro, ouvindo a voz de sua índole boa, ao apontar o revólver para a vítima costuma dizer que não era mau mas que precisava pagar dívidas assumidas com o bando. Quando a pessoa assaltada obedecia, ele agradecia pela compreensão. Dormindo na rua, ele já havia definido o seu ponto junto a um cruzamento de semáforos. Certa noite, por volta das 21 horas, matou pela primeira vez, ao disparar a arma, segundo ele, sem querer. Então, vieram a segunda e a terceira.
Artemiro foi preso e condenado por latrocínio (ladrão homicida).
No país de Artemiro, os latrocínios passaram a fazer parte vida cotidiana dos cidadãos como que fosse implantado o "salve-se quem puder" ou " só Deus" nos permite exercer o direito de ir e vir.
Por outro lado, um cidadão que não precisa de nome, basta seu sobrenome, torna-se politicamente eleito e assume um poder público imbuído do espírito do mau caráter, passa a usar e abusar desse privilégio que a sociedade lhe confiou. Em pleno gozo de suas faculdades mentais saudáveis, originado de berço de ouro, sente-se no direito de praticar assalto aos cofres públicos. Como consequência de seus atos, milhares de cidadãos, até milhões, sofrem com o golpe de traição e morrem vitimados não por arma de fogo mas pela caneta de um cidadão especial.
Artemiro cometeu três latrocínios e nunca mais foi visto, nas ruas e em lugar nenhum. Esse cidadão sem nome, cuja arma foi uma caneta, continua em evidência pelos atos que causaram muitas mortes.
Quando se rouba e mata é Latrocínio. Quando se promove a morte de milhares ou milhões, dizimando uma população que entra em colapso, seria Genocídio ?
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