sábado, 22 de setembro de 2018
O VOTO PILATOS
Quando o eleitor se depara, ano após ano, com tanto descaso e incompetência na gestão pública ele constata a total indiferença debochadamente com a coisa pública. Quando vê que seu voto serviu para colocar no poder representante que retribuiu a ele, eleitor, nada mais do que a sensação da frustração, sente que votou numa lixeira. Porém, como um cidadão cumpridor do seu dever, persiste em comparecer as urnas para manter sua civilidade exemplar.
Um dilema tortura o eleitor reflexivo que, assim como Pilatos, não deseja mais participar de uma decisão frustrante. E para manter sua consciência lavada prefere não eleger o candidato que já ganhou antes da eleição, porque está cansado de ouvir que "o povo não sabe votar". Então, decide ir as urnas e indicar como seu representante aquele que, certamente, não vencerá a eleição. Sendo assim, aconteça o que acontecer com o governante idolatrado pelo povo, esse cidadão dormirá com a consciência pilatiana isentado da responsabilidade sobre novas frustrações.
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