quinta-feira, 10 de maio de 2018

CULTURA DA EXPLORAÇÃO


Esse é um tema que muito incomoda aos cidadãos não acomodados. Os exemplos na sociedade humana são tantos na relação entre os seres da mesma espécie que enumerá-los caberia um grande sacrifício ao intelecto. Porém, vou partir de um exemplo muito especialmente brasileiro que é a exploração da necessidade da "casa própria", a aquisição de um lar para os sem teto.
Após séculos de existência da sociedade brasileira, o drama da conquista de um lar nunca deixou de ser um sonho para o cidadão desprovido de condições econômicas, tornando-se um grandioso pesadelo quando consegue entrar na lista dos mutuários. A instituição financeira oficial (CEF), que sempre foi a única a representar o SFH - Sistema Financeiro da Habitação, agora enfrenta a competitividade de outros organismos dispostos a minimizar a exploração do financiamento da "casa própria".
É muito difícil entender, compreender e assimilar, o antigo Sistema Financeiro da Habitação com sua tabela de cálculos que estabelecia um prazo de 20 anos de financiamento de um imóvel novo, cujas prestações eram reajustadas anualmente mas o valor do bem financiado aumentava numa proporção geometricamente absurda, impossibilitando qualquer amortização. O mutuário que conseguisse chegar ao final dos 20 anos do prazo financiado, não quitava o imóvel, mesmo honrando com o compromisso de pagar todas as prestações. Isso porque o saldo devedor crescia mais do que a própria ignorância dos calculistas e exploradores, a serviço de um Estado "Leviatã", monstruoso e ganancioso. E ainda, uma questão de transferência de responsabilidade do órgão oficial (CEF) para uma empresa terceirizada, cumprido o prazo contratual pagando completamente sua dívida, o mutuário era submetido arbitrariamente por abuso de poder econômico a uma nova avaliação do seu imóvel que não era seu mesmo efetuando o pagamento da última parcela contratual. Como exemplo, o imóvel que no pagamento da última prestação somou o total de 36.000,00 Reais, para receb
er a quitação o mutuário deveria pagar mais 75.000,00 Reais ou concordar com o reajuste das prestações que passaram de 300,00 Reais para 6.000,00 Reais... Sem qualquer chance de negociação. Que órgão oficial é esse, que ao invés de servir ao povo do seu Pais contribuindo para a prosperidade do cidadão torna-se um explorador contribuinte para o crescimento da miséria ? Óbvia e claramente, tudo em benefício de uma minoria estúpida que considerava-se eternamente vivendo como parasitas e sanguessugas da própria espécie.
Pelo exemplo acima, sem negociação, o mutuário só encontrava saída buscando seus direitos na Justiça que, por sua vez, atendia como de costume aos interesses econômicos da parte exploradora que representava o Estado "Leviatã". Sendo a única opção dada ao mutuário pelo poder judiciário a extensão de mais 5 anos de pagamento parcelado, a fim de completar o novo total avaliado de 75.000,00 Reais.
Há uma argumentação de justificativas que vai de encontro a mudanças de valores da moeda nacional ao longo dos 20 anos de contrato. Só que, o Estado explorador além de não cumprir com obrigações constitucionais para com a sociedade, não facilita a vida do cidadão.
O exemplo da aquisição da casa própria descrito sofreu transformações contratuais que favorecem aos mutuários atuais, com a nova tabela de redução. No entanto, essa redutividade é tão insignificante que passa despercebida, caracterizando no final do contrato que a Cultura da Exploração está inserida mesmo com a economia considerada mais estável.


Nenhum comentário:

Postar um comentário